Resultados da pesquisa

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Fisioterapia na reabilitação de mulheres operadas por câncer de mama

             A fisioterapia acompanha as mulheres que têm sido submetidas a cirurgias da mama por tumores malignos. A abordagem inicia-se no pré-operatório. As mulheres são orientadas quanto à postura que irão adquirir no pós-cirúrgico (PO) e a importância da aderência à reabilitação. 
     Quanto mais precoce forem orientados os exercícios, mais rapidamente a mulher responderá ao tratamento. Do PO 0 ao PO 15, os exercícios de mobilização precoce do membro superior deverão ter a sua amplitude limitada, devem ser incluídos exercícios posturais simples e dinâmicos, além da automassagem de drenagem linfática a partir do PO 1. Do PO 15 em diante a reabilitação funcional é mais ativa. A amplitude de movimentos deve ser alcançada no menor espaço de tempo possível, levando-se sempre em conta as dificuldades individuais de cada paciente (Camargo, Marx, 2000).
       As pacientes submetidas ao tratamento fisioterápico diminuem seu tempo de recuperação e retornam mais rapidamente às suas atividades cotidianas, ocupacionais e desportivas, readquirindo amplitude em seus movimentos, força, boa postura, coordenação, auto-estima e, principalmente, minimizando as possíveis complicações pós-operatórias e aumentando a qualidade de vida (Silva et al, 2004).

Linfedema e Linfoterapia

          Entre as complicações, o linfedema é o mais temido pelas mulheres. O linfedema pode ser definido como um acúmulo anormal, crônico e progressivo de proteínas e líquidos no espaço intersticial, edema e inflamação crônica, estando relacionado, no caso do câncer de mama, com a extremidade ipsilateral à cirurgia (Panobianco, Mamede, 2002; Júnior et al, 2001). Estudos clínicos e experimentais feitos por vários investigadores mostraram que o linfedema de membro superior pós-mastectomia ocorre devido à obstrução do fluxo linfático na axila (Box et al, 2002). Qualquer redução na capacidade do sistema linfático de drenar líquido do interstício para o sangue irá causar alterações no tecido cutâneo e subcutâneo da parte afetada do corpo (Tengrup et al, 2000; Petrek et al, 2000).
          Pessoas com linfedema podem ter problemas significativos, incluindo desconforto, dor e dificuldade funcional da extremidade afetada, e a sua descoberta precoce pode poupá-las de um atraso na implementação do tratamento (Morrell et al, 2005). Além do dano estético e prejuízo funcional do membro afetado, essa condição pode causar depressão, ansiedade, levando ocasionalmente a condições que ameaçam a vida (National Breast Cancer Centre, 2000; Box et al, 2002).
          A linfodrenagem manual deverá ser iniciada já no PO 1 com o objetivo de diminuir a quantidade de líquido drenado e melhorar a reabsorção linfática pelas vias colaterais naturais (Camargo, Marx. 2000).
          Em grandes centros, a reabilitação dessas mulheres é feita em grupos coletivos, o que promove interação entre elas, troca de experiências e incentivo à realização dos exercícios, o que torna a sessão mais agradável e estimulante (Reabilitação de Mastectomizadas – REMA, 2003; Caism Unicamp, 2003; Buttros, 2003; Escola Paulista de Medicina, Reabilitação funcional, 2003).
      A fisioterapia pós-operatória no câncer de mama possui vários benefícios. Primeiramente, ela irá permitir a eliminação ou o não surgimento de um problema articular inaceitável, num contexto já sobrecarregado de conseqüências físicas e psicológicas. Secundariamente, facilitará a integração do lado operado ao resto do corpo e as atividades cotidianas. Finalmente, irá auxiliar na prevenção de outras complicações comuns na paciente operada de câncer de mama (Yamamoto, Yamamoto, 2007).

          As conseqüências físicas dos tratamentos da mama aparecem com uma freqüência diretamente proporcional à radicalidade do tratamento. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, estão sendo feitos estudos, a fim de impedir o esvaziamento axilar.
      Paralelamente à evolução do tratamento médico do câncer de mama, tornou-se imprescindível a abordagem multidisciplinar dessas pacientes, considerando não só o quadro patológico, mas também a reabilitação global, física, psicológica, social e profissional, além de se preocupar com a manutenção e melhora da qualidade de vida das pacientes.
          Tendo em vista não somente a recuperação do câncer, mas também a reabilitação global no âmbito físico, a fisioterapia desempenha um papel fundamental nesta nova etapa da vida da mulher operada, pois além de significar um conjunto de possibilidades terapêuticas físicas passíveis de intervir desde a mais precoce recuperação funcional, até a profilaxia das seqüelas, além de diminuir o tempo de recuperação, com retorno mais rápido às atividades cotidianas e ocupacionais, colaborando com sua reintegração à sociedade, sem limitações funcionais.

Fonte: O Mundo da Saúde São Paulo 2008; 32(4):506-510.

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