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terça-feira, 17 de setembro de 2013

Síndrome do Imobilismo

É um conjunto de alterações que ocorrem no indivíduo acamado por um período prolongado.
Pode ser entendido ainda como um “complexo de sinais e sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos articulares e, por conseguinte, a incapacidade de mudança postural’’.

A síndrome do imobilismo(SI) resulta em uma serie de alterações que reduzem a capacidade funcional de todos os sistemas, tais como:

Sistema Osteomuscular:

- Osteoporose
- Fibrose
- Redução de resistência muscular
- Atrofia
- Fraqueza muscular
- Contraturas

Geralmente é o sistema mais acometido pelo imobilismo, as limitações funcionais podem prejudicar as transferências, posturas e movimento no leito e em cadeiras de rodas, dificultar as AVD`s e AVP`s, alterar o padrão da marcha e aumentar o risco de formação de úlceras de pressão.

A inatividade afeta diretamente a força muscular e resistência a fadiga, a força exercida pela gravidade nos ossos e tecidos de apoio é reduzida.Os primeiros músculos a se tornarem fracos e atrofiados são os músculos de MMII e tronco cuja função é resistir à força de gravidade.

O imobilismo é o responsável pelas seguintes alterações musculares:

- Diminuição no nível de glicogênio e ATP
- A diminuição na atividade muscular pode comprometer a irrigação sanguínea com baixa tolerância ao ácido lático e débito de O2 com consequente diminuição na capacidade oxidativa.
- Diminuição da síntese protéica (observada na sexta hora).
- Atrofia das fibras musculares tipo I e II.
- Diminuição da força muscular e diminuição do número de sarcômeros.
- Diminuição do torque.
- Incoordenação pela fraqueza generalizada resultando em má qualidade de movimento.
- Dor/Desconforto após a imobilização (imobilidade induz a um processo inflamatório tecidual com liberação de substâncias que estimulam os receptores locais de dor).

As contraturas podem ser outro efeito da imobilização, podendo envolver músculos e outros tecidos moles. É definida como perda de amplitude articular de movimento devido à limitação articular, muscular ou tecido mole. Ocorrem quando os músculos nao têm a atividade necessária para manter a integridade de suas funções

Podem ser divididas em 3 categorias de acordo com a localização anatômica das mudanças patológicas:

- Articular (artrogênica)
- Muscular (miogênica)
- Contraturas do tecido conectivo
As contraturas miogênicas e de tecidos moles sao mais associadas com a imobilidade. Três fatores desempenham um papel importante no desenvolvimento da contratura: A posição do membro, a duração da imobilização e mobilização das partes não afetadas.


Sistema Respiratório:

É o local de complicação ameaçadoras da vida durante imobilidade prolongada. Ocorre uma redução do volume corrente, volume minuto, capacidade pulmonar total, capacidade residual funcional, volume residual e volume expiratório forçado. Todas essas funções estariam diminuindo de 25 a 50% no imobilismo. Os movimentos diafragmáticos e intercostais são diminuídos com posterior perda de força muscular. A respiração fica mais superficial e a respiração alveolar é reduzida com um aumento relativo de dióxido de carbono nos alvéolos, aumentando a frequência respiratória.

A eliminação das secreções é mais difícil pela posição, o local da parede brônquica que fica por baixo acumula mais secreções que a parte superior da parede. A tosse é menos efetiva, somada á fraqueza dos músculos abdominais e função ciliar, diminuindo e predispondo o paciente a infecções respiratórias altas e atelectasias.

Sistema Metabólico:

Com o imobilismo há predomínio do catabolismo com balanço negativo de nitrogênio, cálcio, fosforo, enxofre, sódio e potássio entre outros.
Ocorrem alterações hormonais como:
- Aumento do PTH sérico por mecanismo ainda desconhecido, provavelmente
relacionado a hipercalcemia devido a imobilização.
- Diminuição andrôgenica durante a espermatogênese.
- Diminuição dos níveis de GH, ACTH e produção de catecolaminas.

Sistema Gastrointestinal:

A falta de movimento e estimulação provocam alteração em todo trato gastrointestinal (TGI) como: Falta de apetite, redução da peristalse, causando absorção mais lenta de nutrientes causada por um alto nível de atividade adrenérgica. Esse fator, junto com a perda de volume plasmático e desidratação que acompanham o repouso no leito, geralmente resulta em constipação.


Sistema Geniturinário:

O esvaziamento da bexiga é comprometido pelo decúbito dorsal, devido a dificuldade de gerar pressão intra-abdominal nessa posição. Ocorre enfraquecimento dos músculos abdominais, restrição nos movimentos diafragmáticos e relaxamento incompleto do assoalho pélvico, provocando a retenção urinária parcial.

Tecido articular:

O líquido sinovial lubrifica e nutre a cartilagem, mas necessita do movimento para que haja circulação dos nutrientes, síntese e degradação da matriz e estímulos aos sensores elétricos e mecânicos da articulação. Portanto, com a inatividade há atrofia da cartilagem com desorganização celular nas inserções ligamentares, proliferação do tecido fibrogorduroso e consequentemente espessamento da sinóvia e fibrose capsular.


Tecido ósseo:

Observadas as seguintes alterações:
- Diminuição da massa óssea total devido ao aumento da atividade osteoclástica e diminuição da atividade osteoblástica
- Aumento da excreção de cálcio (máxima atividade osteoclástica em torno de 16 semanas).
Como resultado de todas as alterações do sistema ósseo, articular e muscular, podem surgir complicações como contraturas articulares, hipotrofia, atrofia muscular e osteoporose.

Tecido tegumentar:

No imobilismo é comum encontrarmos atrofia de pele e úlceras de decúbito influenciadas por:

• Pressão
• Idade
• Umidade
• Estado nutricional
• Edema
• Condições metabólicas
• Alterações sensitivas
• Aplicação de forças transversais associadas ao aumento da fragilidade da pele
• Distúrbios neurológicos
• Colchão inadequado
• Higiene corporal inadequada

As úlceras de decúbito ocorrem quando uma pressão extrínseca sobre a pele supera a pressão capilar média (32 mmHg), diminuição do fluxo sanguíneo e a oxigenação tecidual.
Ex: (Em pacientes deitados à pressão sobre o sacro e o trocanter chegam ate 100 a 150mmHg).

A idade avançanda pode aumentar o risco, devido a alteração na pele, incluindo menor espessura e vascularização da camada dérmica, retardo da capacidade de cura de feridas e redistribuição do tec. Adiposo da camada subcutânea para a camada mais profunda.

A úlcera de pressão é um dos principais exemplos de integridade da pele prejudicada, representa uma ameaça direta para o individuo, causando desconforto, prolongamento da doença, demora na reabilitação e alta podendo causar morte por septicemia (organismo infeccioso como pseudomonas aeruginosas estreptococos, estáfilococos e escherichia coli, localmente e sistemicamente).

São definidas como áreas localizadas de necrose celular causada por isquemia, a qual privou os tecidos de oxigênio e nutrientes.

Podem ocorrer em qualquer ponto do corpo. Os locais típicos incluem áreas que possuem um minimo de tecido adiposo subcutâneo e proeminências ósseas com:

- Sacro
- Grande trocanter
- Escápula
- Maléolo Lateral
- Coluna torácica
- Calcanhares
- Occipital
- Joelhos
- Tuberosidades Isquiáticas
- Orelhas
- Epicôndilos laterais


Ulceras de pressão


São definidas como áreas localizadas de necrose celular causada por isquemia, a qual privou os tecidos de oxigênio e nutrientes.

As alterações da integridade da pele que comumente resultam em lesões denominadas úlceras de pressão ( U.P.), escaras ou úlceras de decúbito, tem sido relatadas como sendo objeto de preocupação da equipe de saúde.Hoje sabe-se que algumas lesões são decorrentes de fatores inerentes à doença e ao estado do paciente de alto risco. No entanto a maior parte do problema pode ser evitado através do uso de materiais e equipamentos adequados para alívio da pressão, cuidados adequados com a pele e considerações com os aspectos nutricionais. Dados da literatura internacional estimam que entre 3% a 14% de todos os pacientes hospitalizados atualmente desenvolvem U.P.Nos portadores de problemas crônicos e residentes em asilos para idosos a incidência estimada é de 15% a 25%.Úlcera de pressão conhecida também como escara ou úlcera de decúbito definida como qualquer lesão causada por pressão não aliviada que resulta em danos nos tecidos subjacentes (tecido subcutâneo, músculo, articulações, ossos).
As úlceras de pressão geralmente ocorrem nas regiões de proeminências ósseas e são graduadas em estágios I, II, III e IV para classificar o grau de danos observados nos tecidos.

Estágio I

É um eritema da pele intacta que não embranquece após a remoção da pressão. Em indivíduos com a pele mais escura, a descoloração da pele, o calor, o edema ou o endurecimento também podem ser indicadores de danos.

Estágio II

É uma perda parcial da pele envolvendo a epiderme, derme ou ambas. A úlcera é superficial e apresenta-se como uma abrasão, uma bolha ou uma cratera rasa.

Estágio III

É uma perda da pele na sua espessura total, envolvendo danos ou uma necrose do tecido subcutâneo que pode se aprofundar, não chegando até a fáscia muscular. A úlcera se apresenta clinicamente como uma cratera profunda.

Estágio IV

É uma perda da pele na sua total espessura com uma extensa destruição ou necrose dos músculos, ossos ou estruturas de suporte como tendões ou cápsulas das juntas.



Avaliação do paciente com risco de úlcera de pressão:

Todos indivíduos em risco devem ter uma inspeção sistemática da pele pelo menos uma vez por dia prestando-se atenção particular às regiões de proeminência ósseas. Indivíduos restritos no leito ou na cadeira ou aqueles indivíduos que estão com dificuldade de se reposicionar devem ser avaliados para fatores adicionais que aumentam o risco para desenvolver úlcera de pressão. Os indivíduos devem ser avaliados no momento da admissão nas unidades de internação ou reabilitação hospitalares, nos asilos, nos programas de visita domiciliar e outras situações de cuidado de saúde.



Prevenção

  • A pele deverá ser limpa no momento que se sujar ou em intervalos de rotina.
  • Diminuir os fatores ambientais que levam ao ressecamento da pele (frio, umidade baixa). 
  • Mudança de decúbito, de duas em duas horas. 
  • Mobilização precoce, minimizar a exposição da pele à umidade devido a incontinência urinária, perspiração ou drenagem de feridas. 
  • As lesões da pele devido a fricção e força de cisalhamento devem ser minimizadas através de um posicionamento adequado e uso de técnicas corretas para transferência e mudança de decúbito.
  • Posicionamento adequado.

O uso de superfícies de suporte e alívio da carga mecânica.


Para indivíduos no leito, materiais de posicionamento como travesseiros ou almofadas de espuma devem ser usadas para manter as proeminências ósseas (como os joelhos ou calcanhares) longe de contato direto um com o outro ou com a superfície da cama, de acordo com um plano de cuidados por escrito.Qualquer indivíduo avaliado como estando em risco para desenvolver úlcera de pressão deve ser colocado em um colchão que redistribua o peso corporal e reduza a pressão como colchão de espuma, ar estático, ar dinâmico, gel ou água.Para indivíduos que ficam sentados em cadeiras é recomendado o uso de equipamentos para reduzir a pressão como aqueles feitos de espuma, gel, ar ou uma combinação destes. Não usar almofadas redondas em forma de anel ou argola. O posicionamento dos pacientes em cadeira devem incluir considerações com o alinhamento postural a distribuição do peso, o balanço e a estabilidade e o alívio da pressão.

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